Depois de quase quatro anos na Nasdaq, as ações da Vitru (VTRU3), companhia líder de educação à distância no Brasil, estreiam no Novo Mercado da B3 nesta segunda-feira (10). Em um movimento inédito, a empresa tirou as suas ações da bolsa americana e trouxe para o mercado brasileiro, de olho, principalmente, em uma maior proximidade com os investidores locais.
“A gente está sendo pioneiro e abrimos as portas para outras empresas para pensarem neste movimento. Mas vale dizer que a nossa história é de sucesso”, disse William Matos, CEO da Vitru, em entrevista ao InfoMoney.
O CEO explica que, quatro anos atrás, o cenário era muito diferente, mais líquido. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano), então, deixava os níveis de juros nos EUA em patamares baixos, tentando manter a economia aquecida em meio à pandemia da Covid-19.
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Momento diferente
“A verdade é que somos uma small cap. A liquidez global na época do nosso IPO era outra história. A tendência era as empresas irem para onde estavam investidores que tinham adesão ao seu produto. E nós somos uma edtech. Por isso a escolha pela Nasdaq”, afirmou Carolina Gonçalves, gerente de relação com investidores.
Agora, com as taxas norte-americanas em níveis considerados altos, a liquidez do mercado diminuiu. Small caps, nesse cenário, tendem a sofrer mais, saindo de foco, já que usualmente são mais alavancadas e uma vez que investidores nesses momentos tendem a preferir empresas maiores, que dão uma opção mais rápida de saída do investimento por conta do maior volume de negociações.
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Além do mais, a Vitru no “mar do mercado norte-americano”, de acordo com o CEO, acabava sendo um “peixe pequeno”, com pouca visibilidade. Mesmo a cobertura por analistas era impactada, já que a comparação com pares educacionais dos Estados Unidos era limitada.
A diretora de relação com investidores ainda menciona que pelo fato de a Vitru ter “entregado o que prometeu no IPO”, o número de investidores de longo prazo teria aumentado muito. “Só que viramos uma small cap com muito investidor de longo prazo e pouco espaço para investidor novo”, ponderou.
Vitru enxerga benefícios
A procura pela B3 começou há cerca de 10 meses, tentando remediar essas questões. “Teremos benefícios tanto de curto quanto de longo prazo. Inicialmente, poderemos chegar aos investidores nacionais, principalmente fundos de pensão, que não têm acesso ao mercado americano”, disse Matos. “Fora isso, o estrangeiro está presente na B3. Não perdemos a ligação com eles”.
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“Temos mais destaque vindo ao Brasil A gente chega como uma empresa que vai estar entre as três principais do setor”, debateu Gonçalves. “É uma visão estratégica. Aqui vamos chamar a atenção de mais gente.”
Por fim, a Vitru também enxerga que o mercado brasileiro está, no curto e médio prazo, apresentando mais possibilidades do que o norte-americano.
Por aqui, ele relembrou, as taxas de juros continuam caindo, enquanto nos EUA a visão é de que o Fed continuará com os patamares elevados por mais um tempo.