A Azul (AZUL4) publicou um fato relevante na noite da última segunda-feira (7) trazendo uma boa notícia para os acionistas. A aérea chegou a acordos comerciais com arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) que detêm cerca de 92% do instrumento de patrimônio emitido no ano passado.
O acordo (i) envolve a troca da participação pro-rata dos credores no saldo da obrigação atual de cerca de R$ 3 bilhões por até 100 milhões de ações preferenciais em uma emissão única, e (ii) está sujeito a certas condições e aprovações. Ou seja, o acordo prevê que os donos dos aviões concordaram em reduzir a fatia na conversão das obrigações em ações em cerca de R$ 3 bilhões, trocando por até 100 milhões de ações preferenciais. Levando em conta o fechamento de AZUL4 na última segunda-feira, a R$ 5,75, 100 milhões de ações correspondem a R$ 575 milhões.
A Azul ainda aponta que os acordos “representam uma parte significativa de um plano abrangente projetado para fortalecer a geração de caixa da Azul e melhorar sua estrutura de capital no futuro”.
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A negociação está condicionada a alterações em certas outras obrigações, incluindo a captação de financiamento adicional e está sujeita à finalização da documentação vinculativa definitiva com os credores. Além disso, as negociações continuam com os 8% restantes dos arrendadores/OEMs e outras partes interessadas.
A XP considera esse acordo positivo, uma vez que: (i) implica uma diluição significativamente menor em comparação com o instrumento conversível em ação (21% de diluição, versus cerca de 55% se o instrumento fosse convertido ao preço atual da ação – um haircut, ou diminuição de valor da dívida, implícito de cerca de R$ 1,8 bilhão [85% do valor de mercado da Azul]); e (ii) poderia desencadear iniciativas de financiamento adicionais, como dívida incremental, potencialmente aumentando a liquidez de curto prazo da Azul.
O Bradesco BBI lembra que, em maio de 2023, a Azul e os arrendadores de aeronaves concordaram em converter US$ 570 milhões de passivos de leasing em obrigações de capital a R$ 36,00/AZUL4, com tranches trimestrais a serem convertidas do 3T24 ao 4T27. Desta vez, os arrendadores e OEMs concordaram em renegociar os termos, mas reduziram o preço de conversão para R$ 30,00/AZUL4, aumentando a diluição de 20,5% para 22,3%.
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“Esperamos uma forte reação positiva do mercado na terça. pois este acordo com os arrendadores deve facilitar as negociações com outros credores. Os próximos passos para a gestão de passivos da Azul incluem a captação de capital adicional e possivelmente o alongamento dos vencimentos dos títulos. Com base no preço atual das ações de R$ 5,75/AZUL4, a simples conversão de R$ 3 bilhões de passivos de leasing a R$ 30,00/AZUL4 pode impulsionar o preço atual das ações para R$ 11,16/AZUL4“, avaliam os analistas. O BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a Azul com preço-alvo de R$ 20,00 para 2025.
O JPMorgan aponta que o anúncio está quase em linha com as expectativas, pois uma potencial diluição de capital de 20-25% foi antecipada anteriormente. “Ainda assim, saudamos o anúncio, pois ele remove o overhang (excesso de ações, pressionando os ativos) no curto prazo relacionado a um potencial pedido de Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA), que levou a um desempenho inferior frente o Ibovespa de 17 pontos percentuais (p.p.) desde o final de agosto”, avalia. O banco segue com recomendação neutra em Azul.