Dos Estados Unidos a Taiwan, ou até nos Países Baixos. As marcas que dão corpo à indústria da inteligência artificial generativa estão espalhadas pelo mundo — ainda assim, o Brasil não é casa de nenhuma delas. Isso não impede, no entanto, que o país esteja bem posicionado no “chacoalhão” que a tecnologia tem promete provocar. Ao menos é essa a avaliação de quem entende do setor. Para Cleber Morais, diretor-geral de Vendas da AWS na América Latina, as empresas brasileiras estão “na vanguarda da tecnologia” quando o assunto é o uso de ferramentas baseadas em IA nos negócios.
Parte disso se deve a um corpo de profissionais que floresceu da adesão precoce de startups brasileiras à infraestrutura de nuvem, tecnologia de base para o processamento de soluções de IA generativa, avalia Morais. “Elas foram os primeiros clientes que abraçaram essa tecnologia. Isso criou uma base de milhares de builders que aprenderam a usar essa infraestrutura como um diferencial, uma outra oportunidade de mercado”, conta o executivo do serviço de nuvem da Amazon ao IM Business.
Esse cenário gerou um mercado altamente aderente às tecnologias implementadas pela AWS no país. “As empresas não estão apenas abertas a essas tecnologias. Elas estão sedentas”, diz o executivo. Como parte de uma tendência global, a empresa está expandindo investimentos na sua capacidade computacional para comportar a demanda gerada pelas tecnologias envolvendo IA. No Brasil, a AWS investiu US$ 3,8 bilhões desde 2011, quando chegou ao país, mas já aperta o passo para absorver toda a necessidade.
Investimentos pesado em data centers
Embora não divulgue os números de investimentos por região, a Amazon anunciou recentemente que planeja alocar aproximadamente US$ 150 bilhões em data centers em sua operação global nos próximos 15 anos. Apenas no México, onde será inaugurado um conjunto de data centers, o aporte deve ser de US$ 3 bilhões.
No Brasil, a estrutura é baseada em uma região com três clusters, zonas de disponibilidade, distantes a 50km umas das outras. Hoje, isso é o suficiente para atender a todos. Novos investimentos servem apenas ao aprimoramento dessas próprias regiões.
Essa corrida por aprimoramento dos centros de dados demanda, é claro, novos e mais modernos equipamentos: em especial, GPUs e CPUs, para processamento. A Nvidia é o principal nome e desenvolvedor nesse mercado, e é fornecedora de todos os hyperscalers — grandes provedores de nuvem pública.
A AWS não diz se, hoje, a alta demanda pelos processadores da queridinha do mercado de ações tem dificultado o acesso a equipamentos para escalar os seus servidores, mas já vem se preparando para lidar com a escassez com suas linhas de chip própria dedicados à IA, trainium e inference.
“Nós trabalhamos em uma visão de longo prazo. Quando tomamos a decisão há 13 anos de investir na infraestrutura do Brasil, foi um investimento inicial enorme para uma demanda futura”, diz Morais. Essa preocupação ajudou a lidar com picos de demanda na pandemia, por exemplo, e deve minimizar qualquer efeito da procura dos clientes por processamento para IA.
No início de abril, a operação global da AWS anunciou que demitiria centenas de funcionários. “A companhia identificou algumas áreas específicas da organização que poderiam ser ajustadas, à medida que continuamos investindo, contratando e otimizando recursos para fornecer inovação para nossos clientes”, disse em comunicado. “Essas decisões são difíceis e não as tomamos sem considerar todos os impactos, e estamos comprometidos em apoiar os funcionários durante sua transição para novos cargos dentro e fora da Amazon.”
Questionada, ela preferiu não responder qual seria o impacto dessa onda de demissões no Brasil, bem como se elas têm relação com o aumento dos investimentos em infraestrutura para suportar a demanda por IA generativa. O movimento ocorre, contudo, no momento em que diversos hyperscalers, como Google e Microsoft, também fazem grandes cortes em custos e funcionários enquanto expandem seus investimentos em infraestrutura.
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