Skip to content

Dólar sobe no dia com Ptax apesar do BC e avança 2,8% na semana, mas cai 0,36% no mês

O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (30), em alta moderada, apesar de duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, com leilão de venda de moeda à vista e de swaps cambiais.

A despeito de a divisa norte-americana ter avançado no exterior e de fatores técnicos típicos de fim de mês – como rolagem de posições no segmento futuro e a formação da última taxa ptax de agosto -, parte relevante do novo escorregão do real foi atribuída ao aumento da percepção de risco doméstico.

Com mínima a R$ 5,5754 e máxima a R$ 5,6919, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 0,21%, a R$ 5,6350. Foi o quinto dia seguido de avanço da divisa, que termina a semana com ganhos de 2,84%.

Continua depois da publicidade

Ao longo de agosto, a moeda chegou a exibir desvalorização acumulada de mais de 3%, mas encerrou o mês com leve perda (0,36%). No ano, a divisa avança 16,10%.

Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar comercial subiu 0,21%, a 5,6350 na compra e na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) tinha alta de 0,48%, a 5.656 pontos.

Dólar comercial

  • Compra: R$ 5,635
  • Venda: R$ 5,635

Dólar turismo

  • Compra: R$ 5,681
  • Venda: R$ 5,861

Leia mais: Tipos de dólar: conheça os principais e qual importância da moeda

Continua depois da publicidade

A postura é de cautela em meio à apresentação do projeto de lei de diretrizes orçamentária (PLDO) de 2025. Há receios também com dúvidas sobre impacto de programas do governo, como o aumento do auxílio gás, nas contas públicas e, por tabela, no cumprimento do arcabouço fiscal. O déficit do setor público consolidado em julho acima do esperado, divulgado pela manhã, ajudou a azedar o humor do mercado.

Pesou também contra o real a perspectiva de uma alta mais moderada da taxa Selic do que a esperada por boa parte de investidores e economistas. Após a cacofonia das últimas semanas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu um recado claro nesta sexta-feira em evento da XP, ao dizer que “se e quando houver um ciclo de alta de juros, será gradual”.

O dólar operou em queda em raros momentos na sessão. Um deles foi no início da manhã, sob o impacto do leilão de venda de US$ 1,5 bilhão em moeda à vista, totalmente absorvido. Foi aceita apenas uma proposta com valor integral, o que sugere algo direcionado para demanda específica. Segundo analistas, a motivação para a intervenção seria a saída de cerca de US$ 1 bilhão em razão do rebalanceamento do EWZ (MSCIBrazil ETF), com entrada de ações como Nubank e XP. Esse evento poderia provocar distorções maiores em dia de disputa pela formação da última taxa ptax de agosto.

Continua depois da publicidade

Para Leonel Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX, o Banco Central achou que era melhor fazer uma intervenção, garantir a liquidez de mercado. “Só que acaba sinalizando para os agentes de mercado que está tendo um problema. (…) É possível que tenha um efeito de alimentação das preocupações dos investidores que observam falta de compradores de real”, avalia o analista, ressaltando que a operação acaba reforçando o movimento de venda do real, de saída da moeda brasileira.

Além disso, Mattos também ressalta que foram divulgadas estatísticas fiscais de julho, com um déficit primário maior do que o esperado, o que também azeda o humor dos investidores.

A moeda voltou a apresentar queda pontual e bem momentânea no início da tarde, com o anúncio da oferta de US$ 1,5 bilhão em swaps cambiais. Foram vendidos 15.300 contratos, pouco mais da metade da oferta total de 30 mil contratos. Segundo operadores, o BC provavelmente não quis sancionar prêmios pedidos por investidores para colocar o restante da oferta.

Continua depois da publicidade

O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, nota que o leilão de swap conseguiu reduzir pontualmente a alta do dólar, mas que, em compensação, as taxas dos juros futuros longos passaram a subir com mais força. “Isso significa que a alta era motivada também por aumento de risco, e não apenas por uma saída de recursos. Se fosse apenas algo pontual, o mercado teria assimilado o leilão e a volatilidade teria diminuído”, afirma Weigt.

No restante do dia, o mercado local esteve alinhado ao sinal predominante da moeda americana no exterior. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY renovou máximas à tarde, atingindo 101.783 pontos. Na semana, o DXY avançou cerca de 1%. Pela manhã, a leitura em linha com o esperado do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) reforçou a possibilidade de o Federal Reserve optar por um alívio gradual da política monetária, com corte inicial de 25 pontos-base em setembro.

Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, embora haja um “componente global” na alta do dólar por aqui, um “pedaço grande” da depreciação do real nesta sexta-feira e na semana está ligado ao aumento da percepção de risco fiscal.

“O DXY está se fortalecendo, mas o dólar cai contra o peso mexicano e opera praticamente no zero a zero com o peso chileno hoje”, diz Costa. “Talvez o BC tenha atuado pela segunda vez, com a oferta de swap, porque viu essa diferença e quis evitar uma disfuncionalidade maior na hora da formação da taxa ptax”.

Costa ressalta que, com o Fed prestes a cortar os juros e uma possível alta da taxa Selic, mesmo de forma moderada, como sugere a fala de Campos Neto, a tendência seria de um real menos depreciado.

“Mas a falta de convicção na política fiscal acaba anulando esse benefício. As medidas de cortes de gastos em 2025 vão na direção correta, mas não resolvem o problema estrutural” afirma o economista, para que a estratégia de divulgação do PLOA hoje, mas com entrevista coletiva para detalhamento apenas na segunda-feira, contribuiu para aumentar a volatilidade.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

Ganhe acesso à transmissão online e gratuita do maior festival de investimentos do mundo.