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Justiça foi feita de arma e Trump será ajudado, diz Kennedy após condenação do rival

AUSTIN, EUA – Correndo por fora na disputa eleitoral para a Casa Branca, o candidato independente Robert Kennedy Jr. saiu em defesa do rival Donald Trump, condenado nesta quinta-feira (30) de todas as 34 acusações envolvendo falsificação de documentos para esconder pagamentos a uma atriz pornô. Para Kennedy, que é do partido Democrata, a situação não deverá ajudá-lo na corrida. Pelo contrário: ele considera que Trump deverá ser beneficiado do que ele julga ser um uso da Justiça como arma pelo atual governo contra o ex-presidente.

“Foi o processo mais frágil de todos contra ele, e acabará ajudando Trump. Uma grande parte dos americanos acredita que o sistema judicial foi usado como arma política, e isso é ruim para o nosso país. O Partido Democrata cometeu um erro, quis vencer nos tribunais, e o tiro vai sair pela culatra”, falou o candidato durante a Consensus 2024, maior evento cripto do mundo, que ocorre nesta semana em Austin, nos Estados Unidos.

Sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, Robert diz defender uma plataforma de centro, que por um lado é a favor de armas e critica as políticas de combate à Covid, mas por outro prega a preservação do meio ambiente e o fim das guerras patrocinadas pelos EUA.

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Outra de suas bandeiras, a das criptomoedas, virou alvo de contenda nos últimos dias após Trump, que tem criptoativos, encampar o tema na semana passada ao defender o direito de possuí-las de maneira anônima. Mas Kennedy passou no teste de popularidade com apoiadores do setor, e foi ovacionado pela plateia ao defender o uso de Bitcoin (BTC) como base de um plano que ele diz ter criado para controlar a inflação, impedir a emissão de moeda pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e “salvar o dólar”.

“Eu acho que o Bitcoin é o caminho para salvar o dólar. Estamos vendo uma ameaça acelerada ao papel do dólar como reserva global, e penso que a única forma de salvá-lo é por meio do Bitcoin, que é o dinheiro forte que precisamos para termos liberdade”, disse Kennedy em entrevista coletiva pouco antes de sua participação no evento.

Vencer as eleições, no entanto, é improvável. Kennedy sequer aparece nas pesquisas de intenção de voto, que atualmente dão ligeira vantagem (46% a 44%) a Trump sobre Biden, segundo levantamento da The Economist. Para o sobrinho de JFK, a saída será torcer por uma desistência – uma esperança que, a julgar pelo efeito que ele espera da condenação de Trump, recairia sobre seu colega de partido.

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“Em nossa pesquisa, que é dez vezes maior do que qualquer outra, eu ganho de Trump, e destruo Biden por 39 [estados] a 11. Eu propus a Biden: vamos fazer uma pesquisa em outubro e, quem tiver menos chances contra Trump, desiste da disputa”, disse à audiência de centenas de pessoas que acompanharam seu painel na Consensus. Diante do tamanho do desafio, e com Trump talvez beneficiado pela condenação, ele busca crescer com ajuda dos fãs de criptomoedas – e dos potenciais 50 milhões de votos que eles representam nos EUA.