SÃO PAULO (Reuters) – Após alívio na sessão anterior, as taxas dos DIs voltaram a ter ganhos fortes nesta terça-feira, superior a 15 pontos-base nos contratos mais longos, com profissionais do mercado citando o persistente desconforto com a área fiscal e a aversão global a ativos de emergentes como fatores para a abertura da curva a termo.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,675%, ante 10,659% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,5%, ante 11,393% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,77%, ante 11,634%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,17%, ante 12,016%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,18%, ante 12,019%.
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Na segunda-feira as taxas futuras haviam cedido no Brasil na esteira da confirmação de cortes de gastos pelo governo brasileiro e de uma busca global por ativos de maior risco.
O governo confirmou na véspera, por meio do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, a necessidade de um congelamento de 15 bilhões de reais em verbas de ministérios para levar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 a 28,8 bilhões de reais, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.
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Nesta terça-feira os estímulos foram contrários: houve retorno das preocupações com a situação fiscal brasileira e fuga de ativos de emergentes.
“Não vejo nenhum vetor de maior pressão que não seja a preocupação fiscal renovada. A queda das commodities no exterior não ajuda, mas a pressão na curva brasileira hoje é algo nosso”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“Ontem até tivemos algum alívio depois do relatório. Mas como não surgiu nenhuma novidade, voltamos a ter alguma pressão nos juros”, acrescentou, lembrando que os investidores estão se posicionando para a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), na próxima quinta-feira.
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Para o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, o exterior foi determinante para a abertura da curva brasileira nesta terça-feira.
“O real até que resistiu bem (ante o dólar), mas os emergentes estão sofrendo”, pontuou.
De fato, algumas moedas pares do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno, estavam entre as maiores perdas globais ante o dólar, refletindo a aversão a ativos de emergentes.
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Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2033 — um dos longos mais líquidos — subiu 16 pontos-base ante o ajuste da véspera, para 12,18%.
Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 86% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 14% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais eram de 85% e 15%, respectivamente.
A alta das taxas dos DIs ocorreu a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem em queda, numa sessão marcada pela divulgação de dados fracos do mercado imobiliário norte-americano e por um leilão de títulos curtos nos EUA.
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Às 16h38, o rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha queda de 4 pontos-base, a 4,487%. Já o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 1 ponto-base, a 4,245%.