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Vale cumpre promessas, tira fonte de pressão com acordo de Mariana e ação sobe 3,4%

Cumprindo promessas, algumas já sinalizadas no relatório de produção do terceiro trimestre de 2024 (3T24),e que reforçam a visão positiva para a companhia. A Vale (VALE3) apresentou lucro líquido de US$ 2,412 bilhões no 3T24, queda de 15% ante igual período de 2023 e 13% a menos na comparação trimestral, de acordo com resultados divulgados na noite de quinta-feira, mas com pontos considerados positivos pelos analistas de mercado.

Com isso, e também com a alta do minério e principalmente com as definições sobre o acordo de Mariana, as ações VALE3 subiram forte nesta sexta-feira (25), chegando a avançar cerca de 4% depois da assinatura do acordo e fechando com ganhos de 3,40%, a R$ 61,73.

A mineradora assinou hoje, com entes do governo, o acordo definitivo sobre Mariana e Brumadinho, com “compromissos” que subirão a US$ 3,7 bilhões em 2025. Na teleconferência de resultados, o CEO da companhia, Gustavo Pimenta, garantiu sobre a remuneração aos acionistas: “vamos fazer, como temos feito ao longo de anos”. Ministro das Minas e Energia chegou a elogiar o momento da mineração no Brasil e a mudança na direção da Vale.

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Sobre o resultado em si, o lucro ficou 41% acima do esperado pelo Prévias Broadcast. Conforme a estimativa compilada a partir de cinco casas (JPMorgan, Citi, BTG Pactual, Itaú BBA e Genial Investimentos), o lucro esperado era de US$ 1,709 bilhão.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em US$ 3,615 bilhões, resultado 18% abaixo do registrado no terceiro período de 2023 e 9% menor na comparação com os três meses imediatamente anteriores, mas levemente acima dos US$ 3,526 bilhões estimados pela média das expectativas. A receita líquida também ficou em linha com o esperado pelo mercado, de US$ 9,578 bilhões.

A XP aponta que, com os números operacionais já reportados, o grande destaque do resultado foi o desempenho de custos da Vale, com custo C1 (que envolve mina, ferrovia e porto) a US$ 20,60 a tonelada (t) (-7% em relação à projeção da casa, -6% na base anual e -17% na comparação trimestral), positivamente impulsionado pela depreciação do real, menores custos de manutenção, melhor diluição de custos fixos e iniciativas de eficiência, seguindo uma tendência de melhora ao longo do trimestre.

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A Vale mencionou um desempenho de C1/t em setembro de 2024 de US$ 18,2/t, abrindo caminho para a realização de sua orientação de custos este ano (e potencialmente mais próximo da faixa inferior de US$ 21,50 a US$ 23,0/t, em sua visão). Além disso, a Vale confirmou a provisão adicional anteriormente indicada de cerca de US$ 1,0 bilhão relacionada ao colapso da barragem da Samarco, com a previsão de assinatura do acordo final e concluindo um período de longo overhang para os ativos (pressão sobre as ações).

O Itaú BBA ressalta que o resultado foi positivo, com um Ebitda ajustado ficando 12% acima da sua previsão. Os analistas também ressaltaram os custos menores do que o esperado e a uma realização do preço do minério de ferro melhor do que o esperado (que já havia sido divulgada no relatório de produção da Vale), ainda que em queda de US$ 12 a tonelada, parcialmente compensado por maiores volumes de vendas de minério de ferro.

A geração de fluxo de caixa livre (FCF) melhorou sequencialmente, mas permaneceu fraca, em US$ 179 milhões. A dívida líquida expandida aumentou para US$ 16,5 bilhões, devido às provisões adicionais para compensações relacionadas à Samarco e ao pagamento de dividendos de US$ 1,6 bilhão.

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Enquanto os custos foram uma surpresa positiva, o JPMorgan vê frustração no segmento de metais básicos, pois o níquel enfrentou preços realizados fracos e custos mais altos. De qualquer forma, os números foram considerados bastante saudáveis e espera que os números de consenso sejam revisados para cima.

“Depois de enfrentar pressões de custos por alguns trimestres em minério de ferro, os esforços da administração para reduzir os custos começaram a aparecer nos números da empresa. (…) Além disso, a administração mencionou que durante setembro, os custos C1 caíram ainda mais e sugerindo um desempenho de custo ainda mais forte no 4T24. Embora a melhora seja uma boa notícia, ainda há trabalho a ser feito. Por exemplo, ainda que o prêmio médio negativo de qualidade de finos melhorou de -3,3/t para -1,9/t, eles ainda são negativos – e isso deve ser revertido no futuro”, aponta.

Gustavo Pimenta, novo CEO, descreveu as suas prioridades em seu primeiro anúncio de resultados da companhia. “Ele prevê transformar a empresa em uma entidade mais ágil e eficiente, garantindo segurança e excelência operacional. Seus objetivos incluem entregar um portfólio superior centrado no cliente, expandir em metais básicos com foco em cobre e melhorar os relacionamentos institucionais”, aponta o JPMorgan.

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A mineradora ainda revisou para baixo sua estimativa de custo “all-in” de cobre no ano para US$ 2.900 a US$ 3.300 por tonelada. Anteriormente, a mineradora esperava um custo all-in, excluindo investimentos de manutenção, entre US$ 3.300 e US$ 3.800 por tonelada em 2024. Além disso, também mencionou sua alta confiança em atingir o limite inferior de sua orientação de custo de caixa C1 para 2024, excluindo compras de terceiros de US$ 21,5-23,0/t.

O JPMorgan também reforça que o acordo pelo rompimento de barragem de rejeitos em Mariana (MG), assinado nesta sexta, levou a alta das provisões. Mesmo com o aumento, a assinatura do acordo é vista como uma virada de página para a companhia.

Overhang ficou para trás?

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O Bradesco BBI aponta que, após os resultados de produção do 3T24 da Vale, as suas estimativas de Ebitda do 3T24 estavam enviesadas ​​para cima. Além disso, o banco vê com satisfação a revisão do guidance de custo do cobre e a confirmação do tão esperado acordo de Mariana. “Também destacamos que a conclusão do acordo definitivo relacionado ao acidente de Mariana deve remover uma sobrecarga significativa sobre as ações da Vale”, avalia.

Em comunicado durante o fim da manhã, que inclusive levou a ação a ter as negociações interrompidas, a Vale atualizou os valores para reparar as tragédias geradas pelos rompimentos da barragens de Mariana e Brumadinho, que deverão totalizar US$ 3,7 bilhões em 2025, ante US$ 3 bilhões em 2024. Segundo a Vale, os seus “compromissos” com Brumadinho em 2025 somarão US$ 1,7 bilhão, enquanto Mariana demandará US$ 2 bilhões. Em 2024, a Vale estima “compromissos” com Brumadinho de US$ 2 bilhões e mais US$ 1 bilhão para Mariana.

Com a visão de resultados saudáveis e desdobramentos positivos, XP, JPMorgan, Bradesco BBI, Goldman Sachs e Itaú BBA seguem com recomendação de compra ou equivalente para os ativos da mineradora.

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