A inadimplência é um fantasma que assombra os brasileiros há décadas. Os números comprovam: 4 em cada 10 adultos no país estavam negativados em fevereiro de 2024, apontou o Indicador da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Foi ao se deparar com dificuldades de pagar a fatura do cartão de crédito que a técnica de enfermagem Bruna Pereira se deu conta da “boa escolha” que fez quando contratou um seguro contra inadimplência — também chamado de prestamista.
Em depoimento ao Tá Seguro? desta quinta (11), videocast do InfoMoney que descomplica o universo dos seguros, Bruna conta que topou contratar o seguro para ter benefícios em caso de perda, roubo ou desemprego em troca de parcelas mensais de R$ 9,90. Um tempo depois, precisou acionar a seguradora quando não conseguiu pagar as faturas mensais do cartão, que havia emprestado para o primo fazer algumas compras
— que também não conseguiu quitar a dívida.
“Eu emprestei o cartão para a pessoa, ela não pagou, e como era um valor muito alto, não paguei também e foi acumulando juros no cartão até que eu parcelei a dívida. Até então, não tinha acionado o seguro ainda, cheguei a pagar algumas parcelas (…) e eles [a seguradora] pagaram três parcelas no valor de R$ 250 cada uma, dando R$ 750. Depois de dois meses, pediram para eu mandar os documentos de novo que eles iam reavaliar e pagaram a última parcela de R$ 250, então deu um total de R$ 1.000”, conta a técnica de enfermagem.
Segundo Mariana Roth, superintendente de marketing na seguradora Assurant, “o seguro prestamista ou seguro de proteção financeira serve para proteger o crédito”, ou seja, paga a dívida do segurado em três situações, geralmente:
- morte;
- invalidez; e
- desemprego.
“O seguro vai cobrir essas três situações. Possivelmente, o que pode ter acontecido com ela, é que durante a utilização do cartão, ela perdeu a sua fonte de renda e deve ter ficado desempregada”, comenta Mariana ao analisar o depoimento de Bruna. No caso de desemprego, alerta a superintendente, o seguro só não cobre demissão por justa causa e demissão voluntária.
De acordo com o consultor financeiro Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital, o planejamento é uma parte importante para a saúde financeira de todo mundo. Por isso, quem vai aderir a um financiamento que vai comprometer a renda necessária para pagar a prestação, “pode ser interessante contratar um seguro prestamista”.
Jonas dá dois exemplos de perfis de consumidor que podem se beneficiar dessa modalidade de seguro: como um motorista de aplicativo, que depende da renda gerada diariamente no trabalho com o veículo diária para pagar a prestação do carro adquirido para tal fim.
“Qualquer financiamento de certa maneira é uma alavancagem. Se ele tiver algum problema de invalidez, um acidente, ele vai perder a ferramenta de trabalho, mas ele consegue usar a alavancagem com consciência”, explica o consultor financeiro. Neste caso, o seguro servirá para pagar o financiamento enquanto o segurado estiver impossibilitado de gerar a renda para quitar as parcelas.
O outro perfil possível é um casal que está crescendo na carreira e, ao mesmo tempo que já tem um capital próprio guardado, mas ainda não expressivo o suficiente para “bancar” a compra total de um imóvel próprio. Por isso, ao recorrer a um financiamento para um apartamento, pode fazer sentido contratar junto o seguro prestamista para ter uma segurança “extra”.
Mariana, da Assurant, explica que o custo dessa modalidade de seguro ao consumidor varia conforme o montante total do financiamento adquirido — que pode ser desde um imóvel até o cartão usado em compras no varejo — e o prazo que a dívida levará para ser quitada.
O importante, ressaltam os especialistas, é que um dos principais benefícios dessa proteção securitária é fazer com que o consumidor não perca o acesso ao crédito.
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